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Dicas para driblar o medo de falar
1) Saiba exatamente o que vai dizer no início, quase palavra por palavra, pois
neste momento estará ocorrendo maior liberação da adrenalina.

2) Leve sempre um roteiro escrito com os principais passos de apresentação,
mesmo que não precise dele. É só para dar mais segurança.

3) Se tiver que ler algum discurso ou mensagem, imprima o texto em um
cartão grosso ou cole a folha de papel numa cartolina, assim, se as suas
mãos tremerem um pouco o público não perceberá e você ficará mais
tranqüilo.

4) Ao chegar diante do público não tenha pressa para começar. Respire o
mais tranqüilo que puder, acerte devagar a altura do microfone (sem
demonstrar que age assim de propósito), olhe para todos os lados da platéia
e comece a falar mais lentamente e com volume de voz mais baixo. Assim,
não demonstrará a instabilidade emocional para o público.

5) No início, quando o desconforto de ficar na frente do público é maior, se
houver uma mesa diretora, cumprimente cada um dos componentes com
calma. Desta forma, ganhará tempo para superar os momentos iniciais tão
difíceis. Se entre os componentes da mesa estiver um conhecido aproveite
também para fazer algum comentário pessoal.

6) Antes de falar, quando já estiver no ambiente, não fique pensando no que
vai dizer, preste atenção no que as outras pessoas estão fazendo e tente se
distrair um pouco.

7) Antes da apresentação evite conversar com pessoas que o aborreçam,
prefira falar com gente mais simpática.

8) Antes de fazer sua apresentação, reuna os colegas de trabalho ou pessoas
próximas e treine várias vezes. Lembre-se de exercitar respostas para
possíveis perguntas ou objeções, com este cuidado não se surpreenderá
diante do público.

9) Se der o branco, não se desespere. Repita a última frase para tentar
lembrar a seqüência. Se este recurso falhar, diga aos ouvintes que mais a
frente voltará ao assunto. Se ainda assim não se lembrar, provavelmente
ninguém irá cobrar por isso.

10) Todas essas recomendações ajudam no momento de falar, mas nada
substitui uma consistente preparação. Use sempre todo o tempo de que
dispõe.

Fonte: Reinaldo
Pecados capitais da linguagem oral
1) Exemplo: "Haja visto o progresso da ciência."
Explicação: a forma "haja visto" não se aplica a este caso. O correto é "haja
vista", e não varia. "Rubens Barrichello poderá ser campeão, haja vista o
progresso que tem feito com o novo carro".
2) Exemplo: "Para mim não errar."
Explicação: "mim" não pode ser sujeito, apenas complemento verbal ("Ele
trouxe a roupa para mim"). Também pode completar o sentido de adjetivos:
"Fica difícil para mim."
3) Exemplo: "Vou estar enviando o fax."
Explicação: embora não seja gramaticalmente incorreto, o gerúndio é uma
praga. É feio e desnecessário. Melhor dizer "Vou enviar o fax".
4) Exemplo: "Ir ao encontro de.", "ir de encontro a."
Explicação: muita gente acha que as duas expressões significam a mesma
coisa. Errado. "Ir ao encontro de." é o mesmo que estar a favor. "Ir de
encontro a." significa estar contra, discordar.
5) Exemplo: "Eu, enquanto diretor de marketing."
Explicação: também é inadequado. Melhor dizer "Eu, como diretor de
marketing."
6) Exemplo: "Fazem muitos anos."
Explicação: quando o verbo "fazer" se refere a tempo, ou indica fenômenos
da natureza, não pode ser flexionado. Diz-se: "Faz dois anos que trabalho na
empresa", "Faz seis meses que me casei".
7) Exemplo: "A nível de Brasil."
Explicação: "a nível de" é uma expressão inútil. Pode ser suprimida ou
substituída por outras. Exemplo. Em vez de "A empresa está fazendo
previsões a nível de mercado latino-americano", use "A empresa está
fazendo previsões para o mercado latino-americano".
8) Exemplo: "Não tive qualquer intenção de errar"
Explicação: não se deve usar "qualquer" no lugar de "nenhum" em frases
negativas. O certo é dizer "Não tive nenhuma intenção de errar".
9) Exemplo: "Há dez anos atrás."
Explicação: redundâncias enfeiam o discurso. Melhor dizer "Há dez anos" ou
"Dez anos atrás". "Há dez anos atrás" é o mesmo que "um plus a mais".
10) Exemplo: "Éramos em oito na reunião"
Explicação: não se usa a preposição "em" entre o verbo ser e o numeral. O
correto é dizer "Éramos oito".

Fonte: Reinaldo
Dicas para usar bem o humor
1) Não se limite apenas às palavras. Use todos os recursos de que puder
dispor, como a expressão corporal, a inflexão da voz e, principalmente, a
pausa.

2) Evite sempre a vulgaridade. Mesmo que as pessoas possam rir, resista. A
médio e longo prazo, sua imagem irá se deteriorando e você perderá
credibilidade.

3) História boa é história nova, fresquinha, colhida no pé. Só narre um fato
antigo ou conhecido se puder dar a ele uma roupagem tão nova que o faça
parecer inédito.

4) Procure só usar o humor que esteja diretamente ligado ao assunto que
aborda, a não ser que seu objetivo seja o de reconquistar a atenção do
ouvinte, pois, neste caso, excepcionalmente, não precisará estar relacionado
ao tema.

5) Faça com que o humor pareça estar sempre nascendo no momento da sua
apresentação, fruto da sua presença de espírito. Assim, terá mais graça e
valorizará ainda mais a sua imagem.

6) Prefira fazer humor a partir da circunstância da apresentação, usando
fatos ou pessoas do próprio ambiente.

7) Histórias longas são o maior veneno para o humor. Quanto mais breve
puder ser, melhor. Treine essa qualidade no dia-a-dia, fazendo tiradas bem-
humoradas, rápidas, brevíssimas.

8) Cuidado para não parecer pretensioso. Ao usar o humor, não demonstre
estar se vangloriando do seu feito. Ria como se estivesse surpreso com a
própria graça.

9) Minha avó já dizia: graça por graça, uma vez só basta - portanto, nada de
querer bancar o engraçadinho o tempo todo. Lembre-se de que tem uma
mensagem para transmitir e que o humor o está ajudando nesta tarefa. A não
ser que o objetivo seja só o de entreter as pessoas.

10) Esteja pronto para a desgraça. Nem sempre o humor dá resultado. Assim,
esteja preparado com um plano B. Se não der certo, faça uma auto-gozação
dizendo por exemplo que essa foi muito ruim, que não teve mesmo muita
graça. Quase sempre funciona.

Fonte: Reinaldo
O jeito simples de falar bem em público
1) A naturalidade pode ser considerada a melhor regra da boa comunicação
Se você cometer alguns erros técnicos durante uma apresentação em
público, mas comportar-se de maneira natural e espontânea tenha
certeza de que os ouvintes ainda poderão acreditar nas suas palavras e
aceitar bem a mensagem.

Entretanto, se usar técnicas de comunicação, mas apresentar-se de
forma artificial, a platéia poderá duvidar das suas intenções.

A técnica será útil quando preservar suas características e respeitar
seu estilo de comunicação.

Apresentando-se com naturalidade, irá se sentir seguro confiante e
suas apresentações serão mais eficientes.

2) Não confie na memória - leve um roteiro como apoio
Algumas pessoas memorizam suas apresentações palavra por palavra
imaginando que assim se sentirão mais confiantes. A experiência
demonstra que, de maneira geral, o resultado acaba sendo muito
diferente. Se você se esquecer de uma palavra importante na ligação de
duas idéias, talvez se sinta desestabilizado e inseguro para continuar.
O pior é que ao decorar uma apresentação você poderá não se preparar
psicologicamente para falar de improviso e ao não encontrar a
informação de que necessita, ficará sem saber como contornar o
problema.

Use um roteiro com as principais etapas da exposição, e frases que
contenham idéias completas. Assim, diante da platéia, leia a frase e a
seguir comente a informação, ampliando, criticando, comparando,
discutindo, até que essa parte da mensagem se esgote. Depois, leia a
próxima frase e faça outros comentários apropriados à nova
informação, estabeleça outras comparações, introduza observações
diferentes até concluir essa etapa do raciocínio.

Aja assim até encerrar a apresentação.
Uma grande vantagem desse recurso é que você se sentirá seguro por
ter um roteiro com toda a seqüência da apresentação, ao mesmo tempo
que terá a liberdade para desenvolver o raciocínio diante do público.

Se a sua apresentação for mais simples poderá recorrer a um cartão de
notas, uma cartolina mais ou menos do tamanho da palma da mão, que
deverá conter as palavras-chave, números, datas, cifras, e todas as
informações que possam mostrar a seqüência das idéias.

Com esse recurso você bate os olhos nas palavras que estão no cartão
e vai se certificando que a seqüência planejada está sendo seguida.

3) Use uma linguagem correta
Uma escorregadinha na gramática aqui, outra ali, talvez não chegue a
prejudicar sua apresentação. Afinal, quem nunca comete erros
gramaticais que atire a primeira pedra. Entretanto, alguns erros
grosseiros poderão prejudicar a sua imagem e a da instituição que
estiver representando.

Tenho relacionado alguns erros comuns cometidos até por aqueles que
ocupam posições hierárquicas importantes e sinto que as platéias que
os ouvem duvidam da formação e da competência de quem os comete.

Os mais graves são: "fazem tantos anos", "menas", "a nível de",
"somos em seis", "meia tola", entre outros.

Mesmo que você tenha uma boa formação intelectual, sempre valerá a
pena fazer uma revisão gramatical, principalmente quanto à conjugação
verbal e às concordâncias.

4) Saiba quem são os ouvintes
Se você fizer a mesma apresentação diante de platéias diferentes talvez
até possa ter sucesso, mas por acaso, a previsão, entretanto, é que não
atinja os objetivos pretendidos.

Cada público possui características e expectativas próprias, e que
precisam ser consideradas em uma apresentação.

Procure saber qual é o nível intelectual das pessoas, até que ponto
conhecem o assunto e a faixa etária predominante dos ouvintes. Assim,
poderá se preparar de maneira mais conveniente e com maiores
chances de se apresentar bem.

5) Tenha começo meio e fim
Guarde essa regrinha simples e muito útil para organizar uma
apresentação: Anuncie o que vai falar, fale e conte sobre o que falou.

Depois de cumprimentar os ouvintes e conquistá-los com elogios
sinceros, ou mostrando os benefícios da mensagem, conte qual o tema
que irá abordar.

Ao anunciar qual o assunto que irá desenvolver, a platéia acompanhará
seu raciocínio com mais facilidade, porque saberá aonde deseja
chegar.

Em seguida, transmita a mensagem, sempre facilitando o entendimento
dos ouvintes. Se, por exemplo, deseja apresentar a solução para um
problema, diga antes qual é o problema. Se pretende falar de uma
informação atual, esclareça inicialmente como tudo ocorreu até que a
informação nova surgisse.

Use toda argumentação disponível: pesquisas, estatísticas, exemplos,
comparações, estudos técnicos e científicos, etc.

Se, eventualmente, perceber que os ouvintes apresentam algum tipo de
resistência, defenda os argumentos refutando essas objeções.

Finalmente, depois de expor os argumentos e defendê-los das
resistência dos ouvintes, diga qual foi o assunto abordado, para que a
platéia possa guardar melhor a mensagem principal.

6) Tenha uma postura correta
Evite os excessos, inclusive das regras que orientam sobre postura.
Alguns, com o intuito de corrigir erros, partem para os extremos e
condenam até atitudes que, em determinadas circunstâncias, são
naturais e corretas.

Assim, cuidado com o "não faça", "não pode", "está errado" e outras
afirmações semelhantes. Prefira seguir sugestões que dizem "evite",
"desaconselhável", "não é recomendável", e outras que se pareçam
com essas.

Portanto, evite apoiar-se apenas sobre uma das pernas e procure não
deixá-las muito abertas ou fechadas. É importante que se movimente
diante dos ouvintes para que realimentem a atenção, mas esteja certo
de que o movimento tem algum objetivo, como por exemplo, destacar
uma informação, reconquistar parcela do auditório que está desatenta,
etc. caso contrário é preferível que fique parado.

Cuidado com a falta de gestos, mas seja mais cauteloso ainda com o
excesso de gesticulação.

Procure falar olhando para todas as pessoas da platéia, girando o
tronco e a cabeça com calma, ora para a esquerda, ora para a direita,
para valorizar e prestigiar a presença dos ouvintes, saber como se
comportam diante da exposição e dar maleabilidade ao corpo,
proporcionando, assim, uma postura mais natural.

O semblante é um dos aspectos mais importantes da expressão
corporal, por isso dê atenção especial a ele. Verifique se ele está
expressivo e coerente com o sentimento transmitido pelas palavras.
Por exemplo, não demonstre tristeza quando falar em alegria.

Evite falar com as mãos nos bolsos, com os braços cruzados ou nas
costas. Também não é recomendável ficar esfregando as mãos,
principalmente no início, para não passar a idéia de que está inseguro
ou hesitante.

7) Seja bem-humorado
Nenhum estudo comprovou que o bom-humor consegue convencer ou
persuadir os ouvintes. Se isso ocorresse os humoristas seriam sempre
irresistíveis. Entretanto, é óbvio que um orador bem-humorado
consegue manter a atenção dos ouvintes com mais facilidade.

Se o assunto permitir e o ambiente for favorável, use sua presença de
espírito para tornar a apresentação mais leve, descontraída e
interessante.

Cuidado, entretanto, para não exagerar, pois o orador que fica o tempo
todo fazendo gracinhas pode perder a credibilidade.

8) Prepare-se para falar
Assim como você não iria para a guerra municiado apenas com balas
suficientes para acertar o número exato de inimigos entrincheirados,
também para falar não deverá se abastecer com conteúdo que atenda
apenas ao tempo determinado para a apresentação. Saiba o máximo
que puder sobre a matéria que irá expor, isto é, se tiver de falar 15

minutos, saiba o suficiente para discorrer pelo menos 30 minutos.
Não se contente apenas em se preparar sobre o conteúdo, treine
também a forma de exposição. Faça exercícios falando sozinho na
frente do espelho, ou se tiver condições, diante de uma câmera de
vídeo. Atenção para essa dica - embora esse treinamento sugerido dê
fluência e ritmo à apresentação, de maneira geral, não dá naturalidade.
Para que a fala atinja bom nível de espontaneidade fale com pessoas.
Reúna um grupo de amigos, familiares ou colegas de trabalho, ou de
classe, e converse bastante sobre o assunto que irá expor.

Acredite, se conseguir falar de maneira semelhante na frente da platéia
será um sucesso.

9) Use recursos audiovisuais
Esse estudo é impressionante - se apresentar a mensagem apenas
verbalmente, depois de três dias os ouvintes irão se lembrar de 10% do
que falou. Se, entretanto, expuser o assunto verbalmente, mas com
auxílio de um recurso visual, depois do mesmo período, as pessoas se
lembrarão de 65% do que foi transmitido. Mais uma vez, tome cuidado
com os excessos. Nada de Power Point acompanhado de brecadinhas
de carro, barulhinhos de máquina de escrever, e outros ruídos que
deixaram de ser novidade há muito tempo e por isso podem vulgarizar
a apresentação.

Um bom visual deverá atender a três grandes objetivos: destacar as
informações importantes, facilitar o acompanhamento do raciocínio e
fazer com que os ouvintes se lembrem das informações por tempo
mais prolongado. Portanto, não use o visual como "colinha", só porque
é bonito, para impressionar, ou porque todo mundo usa. Observe
sempre se o seu uso é mesmo necessário.

Faça visuais com letras de um tamanho que todos possam ler.
Projete apenas a essência da mensagem em poucas palavras.
Apresente números em forma de gráficos.
Use cores contrastantes, mas sem excesso.
Posicione o aparelho de projeção e a tela em local que possibilite a
visualização da platéia e facilite sua movimentação.

Evite excesso de aparelhos. Quanto mais aparelhos e mais botões
maiores as chances de aparecerem problemas.

10) Fale com emoção
Fale sempre com energia, entusiasmo, emoção. Se nós não
demonstrarmos interesse e envolvimento pelo assunto que estamos
abordando, como é que poderemos pretender que os ouvintes se
interessem pela mensagem?

A emoção do orador tem influência determinante no processo de
conquista dos ouvintes.

Reinaldo Polito
Revista O Vidroplano - Jan/01
Como apresentar um projeto e
manter a platéia acordada
1) Se você fala rápido demais, repita as mensagens mais importantes usando
outras palavras. Quem não entendeu da primeira vez entenderá da segunda.
Se fala devagar, não desvie o olhar da platéia nos instantes de pausas mais
prolongadas. Após o intervalo, volte a falar com mais ênfase.

2) Cuidado com os grunhidos "né", e "tá". Além de horríveis, demonstram
insegurança.

3) Conheça o interlocutor. Se o grupo estiver familiarizado com o tema, não
simplifique as informações.

4) Nunca, jamais, em hipótese alguma decore a palestra. Faça um roteiro:
conte o problema, apresente a solução e, por fim, demonstre sua esperança
no apoio dos diretores ao projeto.

5) Nada de tecnofobia. Mostre quanto você está antenado com as tecnologias
e vá direto ao computador. Com o sistema datashow, você dá um clique cada
vez que quer mudar a página. E se o computador pifar? Leve umas cartolinas
com as principais informações da palestra. "Você vai mostrar que está
sempre pronto para enfrentar o pior", diz Polito.

6) Cuidado com a postura. Não fale com as mãos nas costas, mantenha o
paletó abotoado e olhe para todas as pessoas da platéia alternadamente. Há
dois erros que as pessoas costumam cometer numa apresentação: falta de
gestos ou excesso de gestos. Use-os, mas com moderação.

7) Evite as piadas. O risco de ninguém achar graça é grande e aí, meu chapa,
vai ser difícil segurar a apresentação numa boa. Deixe a piada para o final, se
for o caso.

8) Corrija problemas de dicção com dois exercícios bem simples. Morda o
dedo indicador e leia em voz alta o mais claro possível. Dois minutos por dia
bastam. Outro: leia poesias em voz alta. Esse é o mais eficiente dos dois,
segundo Polito. Além de melhorar a dicção, pode ser muito romântico.

Dicas de Reinaldo Polito concedidas à Revista Você S.A.,
em abril de 1998, para Maria Tereza Gomes
FALAR E ESCREVER BEM
Margot Cardoso
Você elaborou mentalmente inúmeras vezes o seu pedido de transferência de
departamento e na hora H - a exemplo dos diversos ensaios - foi um fiasco. Não
encontrou as palavras certas, não conseguiu ser convincente e seu superior
encerrou o assunto no primeiro argumento. Você estreou em um novo cargo e sua
apresentação à nova equipe foi lastimável, o discurso foi desconexo e sem
objetividade. Fora da esfera profissional, as dificuldades não são diferentes. Um
suposto amigo foi desleal e você ensaiou um monólogo indignado e magnânimo.
Na hora (prejudicado pelo nervosismo, é verdade), o discurso saiu piegas, sem
força argumentativa, faltando palavras.

Quando se trata da escrita, a resultado não é muito diferente. Para redigir
uma proposta são dias e dias de trabalho árduo. Um e-mail importante, então, é
uma grande e dolorosa jornada com direito a várias expedições ao dicionário. E o
tormento não tem fim. Um dia depois de um texto enviado, você encontra uma
avalancha de erros, desde os vergonhosos ortográficos até os de interpretação,
porém, tarde demais. Já está nas mãos do destinatário. O seu despreparo e sua
inabilidade no idioma já foram documentados, já têm testemunhas, já são
públicos.

A dificuldade com o idioma não é nova, mas ela nunca foi tão notada e
apreciada como atualmente. Na vida pessoal, o domínio do idioma pode ser a base
de projetos de vida bem-sucedidos e no campo profissional pode fazer a diferença
entre emprego e desemprego. Se, socialmente, um indivíduo que se expressa ou
escreve mal é visto com ressalvas, na esfera profissional, as ressalvas multiplicam-
se, com uma agravante: a desconfiança não fica restrita à habilidade de
comunicação, a competência profissional também é questionada.

Sem contar, que a forma como você se expressa, seja oralmente ou por
escrito, é o indicativo primeiro do seu grau de instrução, sua postura diante da vida,
seu tipo de personalidade. Quem escreve e fala bem demonstra pensamento
sistematizado, raciocínio lógico, clareza de idéias.

É como se a sua forma de se comunicar "contasse" um pouco da sua
história. E mais do que isso: é o meio que você utiliza para se relacionar com as
outras pessoas, com o mundo.

Tempos globais, a exigência hoje é de um terceiro idioma (o inglês já é uma
espécie de pressuposto), porém, muitos estão se dedicando ao aprimoramento do
seu primeiro idioma. Os sinais estão por toda parte. Nunca foram publicados tantos
livros sobre o uso correto do idioma; há sites que literalmente dão aulas do idioma
e tiram dúvidas via internet, como, por exemplo, www.portugues.com.br e
www.gramaticaonline.com.br; aulas de português na televisão e no rádio, sem
contar que bons profissionais deste ramo, como o professor de português
Pasquale Cipro Neto, e o de expressão verbal Reinaldo Polito, ganharam status de
celebridade. São convidados para palestras com auditórios lotados, participam de
programas de entrevistas, disparam o índice de audiência de programas de
auditório.

Apesar da preocupação com o domínio efetivo do idioma, a realidade é que a
maioria dos brasileiros tem um nível de conhecimento sofrível e poucos são os que
dominam a norma culta do idioma. Tanto, que o domínio do português passou de
obrigação a diferencial. E esta não é uma realidade nova. Há anos a prova de língua
portuguesa (gramática, literatura e a temida redação) é eliminatória nos vestibulares
do País para qualquer curso, mesmo para os ligados às disciplinas de Exatas e
Biológicas. Para ingressar no mercado de trabalho, a exigência permanece no
processo seletivo. Por motivos óbvios. Afinal, na era do conhecimento e da
informação, uma comunicação com clareza e objetividade é obrigatória.

Se você sempre encheu o peito para declarar o seu ódio ao idioma e na
escolha do curso universitário fugiu das carreiras da área de humanas para livrar-
se do incômodo de estudar a língua portuguesa. pior para você. A linguagem é a
base de tudo. Sem ela, o domínio de todos os outros aprendizados fica
comprometido. Sem dizer que não há mais lugar para o engenheiro que não sabe
redigir um relatório, o médico que não tem habilidade para "traduzir-se" para o
paciente, o líder - de qualquer segmento - que não consegue conduzir uma reunião
com começo, meio e fim. E mais: o mundo do trabalho, com o avanço tecnológico,
mudou muito. Hoje predominam a força do trabalho em equipe, negociações,
fusões, cooperações. Ações estas que exigem habilidade para comunicação
articulada, fluente, clara. Aqueles que só se preocuparam com o ato de falar saibam
que grande parte da comunicação com o mercado, que antes era feita por telefone,
agora é feita por e-mail. Já imaginou a idéia que um cliente poderá fazer de você e
da sua empresa vendo erros grosseiros de troca de "s" por "ç" , crimes com as
conjugações verbais e, pior, texto confuso, desconexo.

É verdade que a exigência hoje - principalmente nos mercados das grandes
cidades, mais exigentes e seletivos - é de um domínio avançado do português.
Porém, é preciso que se encare que só uma minoria domina o idioma. O brasileiro
médio está longe do domínio que seria razoável para a língua.

De acordo com a consultora empresarial em língua portuguesa Laurinda
Grion, autora do livro Manual de redação para executivos (Editora Madras) muitos
não dominam a parte formal do idioma. Sabem, mas não sabem bem, falam e são
entendidos. Mas há vários níveis de aprendizado e de uso do idioma. "Há muitos
analfabetos funcionais. Entendem, mas não sabem falar sobre aquilo. Lêem, mas
não sabem redigir um texto sobre o assunto. Não sabem literatura, gramática,
redação. Não sabem o que é prosa, o que é dissertação. Já aconteceu, em muitos
cursos para pessoas de nível superior, alguns deixarem de fazer algum exercício
porque não sabiam o que era escrever "em prosa"", diz ela.

Segundo o professor Reinaldo Polito, o maior estudioso em expressão verbal
do Brasil, há cerca de 30,5% de analfabetos funcionais no País. Pessoas que
aprenderam a ler e a escrever e não sabem como usar isso. "Há muitas pessoas
bem preparadas que não sabem transmitir o que conhecem. Falam mal, expressam-
se mal ou simplesmente não falam", diz Polito. "A forma como você fala e escreve
mostra e mede o seu preparo, a sua formação.

Se um profissional comete erros de concordância, de vocabulário, poderá ser
avaliado como alguém sem preparo, com lacunas na sua formação e sua
credibilidade e competência como profissional poderão ser postas em causa e até
diminuídas. Para cada atividade há exigências diferentes. Porém, hoje na vida

profissional não se admitem deficiências na expressão verbal e escrita. É claro que
isto prejudica mais um advogado, por exemplo, mas também prejudica o
engenheiro. A maneira como você se expressa não pode comprometer a qualidade
do conhecimento que você tem", diz Polito.

Ok. Você sabe disso, conhece as suas deficiências e já encontrou a solução:
a partir de agora, vai se disfarçar de samambaia nas reuniões, vai. Pasquale Cipro
Neto, o professor de português mais famoso do Brasil, diz que os novos tempos
exigem que se abra a boca. "O abrir a boca é dominar o idioma, com conteúdo, com
clareza, é ser convincente, saber estruturar as informações. Quem não abre a boca
hoje está perdido. E quem abre a boca melhor, sai-se melhor", afirma.

A maestria de Machado de Assis, a contundência de Nélson Rodrigues, a
argumentação de Padre Vieira. O bom texto consegue-se com treino, treino e
muito treino.

Ortografia impecável, concordância e conjugação verbal vá lá. Mas,
conteúdo, clareza, objetividade? Exatamente. A exigência atual vai além de um
texto sem erros de ortografia e com começo, meio e fim. Na era da agilidade da
informação a exigência é a habilidade para redigir ou falar de forma clara, objetiva e
concisa. É. O caminho é árduo e não tem fim. Mas com estudo, o cultivo de alguns
hábitos e treino você pode melhorar a cada dia.

Sem preconceito - Primeiro de tudo livre-se do fantasma que sobrevoa o
"curso de português". Independentemente da sua idade ou do seu grau de
escolaridade, estudar o idioma mostra que você atingiu um grau de maturidade e
sofisticação extrema. Indica seriedade e preocupação com o seu desenvolvimento.
Não tenha medo de mencionar até mesmo no seu currículo. Estudar a língua
portuguesa é um diferencial. Outra coisa: a reciclagem no estudo faz que com que
você se livre dos preconceitos, mitos e teorias ultrapassadas que insistem em
rondar o idioma.

Realismo e disciplina - Segundo os especialistas, um ponto importante que
precisa ser encarado é que o estudo do idioma é eterno. "Não tem fim. É um eterno
desafio", diz Pasquale. O professor explica ainda que a tarefa vai além do estudo
permanente, inclui também uma postura favorável ao aprendizado contínuo. "É
preciso estar inquieto, ser curioso, é preciso pesquisar", completa. De acordo com
Laurinda Grion, a busca deve ser o errar menos, porque o erro vai sempre
acontecer, é inevitável: "A língua portuguesa é complexa", diz.

Reciclagem e atualização - Isto é feito com leitura atenta de jornais, revistas,
observar os outros. Cursos de reciclagem em ortografia, análise sintática, redação
são fundamentais, principalmente para que você se liberte de certos conceitos
errados. "Afinal, quem é que nunca ouviu falar que vírgula serve para respirar?",
pergunta Pasquale.

Gramática? - O ensino do idioma melhorou muito. Há bons cursos e o
inadequado método de decorar regras já ficou para trás. Pasquale afirma que é
necessário dominar certos mecanismos, o resto é entendimento. "Gramática não é
o fim. Nunca foi e nunca será. Ela é o meio. Fico doido com perguntas de certo e
errado. Depende. Tudo depende", diz ele.

Para quem tem medo de nomenclaturas e teorias complicadas, o conselho é
não se preocupar. Pasquale afirma que muitas vezes nem é necessária a utilização
de terminologia e dá um exemplo: há dificuldade de entender o tempo verbal
"passado (pretérito) mais-que-perfeito". Vamos lá. O passado perfeito refere-se a
uma ação inteira, completa. Um passado feito completamente, acabado até o fim.
Portanto, passado perfeito: eu fiz o pacote. No passado mais-que-perfeito a
conjugação é fizera. "Quando ela chegou (passado perfeito) eu já fizera (mais-que-
perfeito) o pacote." É uma ação mais velha do que o passado perfeito, portanto é
um passado "mais-que-perfeito". Para aprender o português não é preciso decorar
regras e palavras difíceis.

Cultive o hábito de ler - Pasquale afirma que o exercício que não pode faltar
no aprimoramento do idioma é o ato de ler. E reconhece a dificuldade que envolve a
leitura, principalmente na vida atual. "Ler é uma atividade penosa, exige
concentração, silêncio, raciocínio, solidão. Ler não se faz com a galera, com a
turma. Hoje as pessoas vivem em bando e tudo tem que ser feito em bando. Ler não
é algo que se faz em bando. É o oposto disto. Em tempos de vida moderna, do
celular, cadê a concentração? Cadê a solidão? Nestes tempos, ler é difícil", conclui.
O professor acredita que há muita hipocrisia. Não se enfrentam as coisas como elas
são. "As pessoas querem o tempo todo confusão, se afastam de si, têm medo delas
mesmas. Neste contexto não há espaço para a leitura."

É bom lembrar que para a apreensão do conteúdo (sem este componente, a
leitura é inútil) do que é lido é preciso acuidade intelectual, capacidade de
abstração, refinamento, imaginação, sensibilidade. Caso contrário, o leitor não
entenderá a ironia, a metáfora, o simbolismo de certas narrativas. Pasquale conta
que certa vez uma aluna pediu uma indicação de um livro que fosse rápido de ler,
que não fosse "pesado". Ele indicou A metamorfose, de Franz Kafka. Dias depois, a
aluna disse que havia começado, mas não havia terminado, pois não gostou do
conteúdo de uma das maiores obras-primas da literatura mundial e explicou o
motivo: "Credo! O sujeito vira uma barata!". E por último, mas fundamental: ler com
qualidade, com atenção, com reflexão e, se necessário, ler, reler. Laurinda concorda
e recomenda a leitura acompanhada de anotações sobre o texto. "A leitura deve ser
vagarosa, prazerosa. Esqueça a idéia de ler rápido, de procurar literatura leve para
começar e terminar um livro rapidamente", completa.

Escreva hoje - O bom texto escrito não é um dom, é o resultado de muito
treino. Veja o método de escrita de alguns escritores famosos e observe o número
de vezes que os seus textos foram reescritos. "Amar se aprende amando e escrever
se aprende escrevendo", diz Pasquale. Mas, treino só não basta, é preciso expor o
exercício da escrita. "O texto deve ser submetido a alguém. Até nos meios
profissionais se faz isto, no jornalismo tem a dupla, onde os jornalistas trocam
leituras de textos. Deve-se procurar este retorno de um jeito ou de outro, saber se o
seu texto foi claro, se foi entendido. É preciso perder o medo e a vergonha de expor
o que foi escrito", diz o professor.

Pensar, conhecer - Porém, não se deixe seduzir por regras gramaticais e
técnicas de escrita. "Se fosse assim, todos os professores de português seriam
escritores. Muitos não dominam regras e são excelentes escritores", diz Laurinda.
O ato de escrever bem vai além. É preciso cultura, conhecimento, pensamento de
qualidade, crítica. "É preciso saber que o texto está ruim, ter disposição para

refazer. É inspirar-se nos versos de Bilac: "Lima, malteia, dá brilho". É igual ao
trabalho do ourives. É reescrever, lapidar, achar as palavras mais adequadas",
continua ela.

A sua vez de falar
Saber falar com descontração e simplicidade, clareza e objetividade é
diferencial obrigatório para qualquer carreira.
O ato de falar é um diferencial que vale ouro para aqueles que dominam bem
a arte. Em contrapartida, a falta de domínio pode significar o passo de gigante para
o fracasso em negociações, relacionamentos e empreendimentos. Cerque-se de
cuidados e comece o seu desenvolvimento. Há muitos cursos e workshops de
expressão verbal (uma dica: os mais eficientes são os que contam com muitos
exercícios práticos), porém, verifique a qualidade do seu domínio na escrita e não
esqueça de estar atento ao conteúdo. Afinal, técnicas para falar melhor, sem
conteúdo, são um exercício inútil.

Seja você mesmo - A linguagem precisa ser adequada - mais formal ou
menos formal - à ocasião e este é um dos motivos do erro número um da
comunicação verbal: a falta de naturalidade. Segundo Reinaldo Polito, a maioria das
pessoas, quando precisa ser mais formal, adota um estilo que não é dela. Por quê?
"Primeiro é inconsciente. Quando mais importante for o ouvinte, mais tendência
você terá para tentar impressioná-lo, para que ele tenha uma idéia positiva a seu
respeito. Como você tenta projetar uma imagem que não é sua, acaba ficando uma
comunicação deficiente, artificial", diz. "Ela também precisa ser adequada à
ocasião, é como usar uma roupa. Imagine você em uma pelada dizendo: por favor,
passe-me a bola", completa Laurinda Grion.

Escrevo bem, logo falo bem? - Se você tem um bom texto e acha que será
fácil. Reinaldo Polito explica que não é bem assim. Escrever e falar são atividades
diferentes. Tanto o ato de escrever como o de falar exigem conhecimento e treinos
específicos. O mestre dá o exemplo de dois brasileiros famosos. "O escritor Luis
Fernando Veríssimo se preparou ao longo da vida para o ato da escrita. Ele é muito
preparado intelectualmente, escreve maravilhosamente bem, mas para falar. nada.
Já o comunicador Silvio Santos não tem preparo intelectual, nem escreve, fala
maravilhosamente bem", afirma.

De acordo com Polito, muitas pessoas que falam bem atrapalham-se na hora
de escrever, pois a escrita não tem a liberdade que se tem na fala. Do outro lado,
aqueles que dominam a habilidade de escrever têm dificuldade de falar bem, pois
se preocupam tanto com o rigor que se sentem tolhidos. Sem contar que na
expressão verbal entram outros elementos como a entonação, o ritmo da fala, o
pensar rápido, que não existe na escrita. Já no texto escrito, pode-se corrigir,
ratificar, substituir palavras, rever", explica Polito. Mas atenção: a base de ambas é
o ato de pensar bem. "Quem pensa bem e fala bem tem condições de escrever bem.
Quem pensa bem e escreve bem nem sempre tem condições de falar bem", afirma
Polito. Isto não quer dizer que quem escreve bem não fale bem. Quer dizer que o
aprendizado não é tão automático.

O dia-a-dia é uma escola - Um ponto de apoio importante é o hábito de, antes
de falar, organizar o raciocínio. Faça isto sempre. No cotidiano, seja um observador
atento da sua forma de comunicação e das outras pessoas do seu convívio. Tenha
consciência dos seus erros e lute para consertá-los. Polito explica que algumas
pessoas têm o hábito de interromper a fala e esperar que o outro termine a frase ou
entenda-a incompleta mesmo. Se for o seu caso, livre-se já deste vício. "Além de
correr o risco de não ser compreendido, ou ser mal interpretado, você deixa de
exercitar a sua capacidade de verbalização, a sua articulação", diz ele.

E, detalhe, se você se acostuma, a tendência é ir reduzindo cada vez mais a
sua verbalização. "Isto é muito comum em ambientes familiares. Muitas famílias
comunicam-se por grunhidos. Às vezes, somos entendidos pela inflexão da voz,
pelo gesto, mas não podemos deixar que isto substitua a verbalização", completa.
Mas a reflexão sobre a comunicação vai além disto. Procure pensar no sentido das
palavras que você costuma usar. Os adjetivos, por exemplo, varie-os. Estude outros
sinônimos dos adjetivos mais recorrentes no seu dia-a-dia e alterne o uso dos
sinônimos. Estude mesmo, entenda o significado, não vá cometer gafes.

E não esqueça de "usar" o conhecimento do seu interlocutor. Quando não
entender uma palavra ou expressão pergunte, peça detalhes, aprenda e incorpore
ao seu vocabulário.

Ative o vocabulário - E por falar no assunto. Não adianta você ler um livro,
descobrir uma palavra nova, pesquisar o significado e depois não utilizar. Polito
explica que há um vocabulário ativo e outro que conhecemos mas não usamos,
está desativado. Ative! O domínio só vem com o uso. Não há nada pior do que ficar
substituindo palavras por "coisa", "troço", "aquela pecinha" etc. Muitas vezes a
falta de palavras para se comunicar não é nervosismo, é falta de vocabulário
mesmo. E não economize no aprendizado. "Quanto mais amplo e abrangente for o
vocabulário, mais pronta, desenvolta e segura será sua comunicação", afirma
Polito.

Plante-se em terreno fértil - O ambiente em que você vive é muito importante.
Se você convive com intelectuais, com pessoas bem formadas, automaticamente se
expressará melhor. "Veja o Lula, as conquistas dele na capacidade de expressão
vêm do estudo, mas também do seu convívio com intelectuais que sempre se
aproximaram do PT. Como ele é inteligente, aprendeu. É o mesmo com a criança.
Se os pais conjugam bem os verbos, articulam mais as palavras, elaboram
concordâncias, a criança aprenderá a falar bem de forma mais rápida", atesta.

Tudo automático - Depois de tantas lições, cuidados e regras, a pergunta que
vem é: como pode haver naturalidade, depois de tudo isto? A naturalidade, na
verdade, é a prova da assimilação das lições e só vem com o tempo mesmo. Nesse
caso, a naturalidade é o fruto do empenho. No seu livro Como se tornar um bom
orador e se relacionar com a imprensa (Editora Saraiva), Polito cita o depoimento
do famoso advogado criminalista Waldir Troncoso sobre a sua luta para a
automatização de conceitos aprendidos no seu ato de comunicar. "Enquanto o
orador estiver preocupado com a apalavra que vai dizer, com o verbo que vai
conjugar, com o adjetivo e o substantivo que irão compor a frase que deverá refletir
o seu pensamento, estará preso à forma da comunicação e sofrerá, com isto, um
rebate de produtividade.

Só depois que o orador não tiver mais que pensar no que vai dizer e em como
vai dizer é que terá incorporado a automatização da fala e poderá transmitir suas
idéias sem o atrelamento à forma." Essa é uma conquista que requer anos de
estudo, experiência, prática e observação. "É importante observar e aprender novos
termos para a ampliação do vocabulário, mas é fundamental que eles sejam
usados. Se não existir a prática, as novas palavras serão inúteis", conclui Polito.

Esse artigo foi publicado na revista Vencer de fevereiro de 2003.

Source: http://cursos.unisanta.br/civil/arquivos/Aula09_Oratoria.pdf

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